A contaminação da água por agrotóxicos foi tema de audiência promovida pela Comissão de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Assembleia Legislativa da Bahia, nesta quarta-feira (29). O debate, proposto pelo vice-presidente do colegiado, deputado Marcelino Galo (PT), teve como objetivo esclarecer as notícias veiculadas na mídia indicando 271 cidades baianas com excesso de ingredientes ativos na água para consumo, quatro destas, Camaçari, Mucugê, Itapetinga e São Félix do Coribe, apresentando um coquetel completo de agrotóxicos. Segundo Galo, a situação do Brasil é dramática tendo em vista o aumento constante da quantidade de agrotóxicos permitida pelo Governo Federal, ao contrário da política praticada pelos países europeus. “Temos veneno na água e os índices não são aceitáveis. Quer dizer que a União Europeia tem um suporte a veneno menor do que nós brasileiros, que nós somos tão fortes, que podemos suportar maior quantidade de veneno?”. O parlamentar ressaltou ainda ser o setor em questão “um negócio extremamente poderoso, que movimenta mais 12 milhões de dólares e por conta desses interesses já morreram vários militantes”, alertou. Dirigida pelo presidente da comissão, José de Arimateia, a mesa foi formada por Rita Bonfim, engenheira sanitária e ambiental da Embasa; Rui Murici, responsável pela divisão sanitária da Sesab; Marcos Medrado, representante do Inema; Luciana Koury, diretora do Fórum Baiano de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Márcia Câncio, representando o Ministério Público. Investimentos: A representante da Embasa explanou sobre o trabalho e o investimento de R$ 8 milhões em equipamentos de laboratório para aprimorar o controle de qualidade, que vai desde o manancial até o tratamento da água. Assegurando o padrão de qualidade de potabilidade da água distribuída pela embasa, obedecendo as regras da portaria do Ministério de Saúde e acompanhada pela Vigilância do Estado, Rita Bonfim alertou para o perigo de se divulgar informações incorretas.“Quando você pega uma matéria dessa, gera um pânico e leva a população a rejeitar uma água dentro dos padrões de portabilidade da portaria e a consumir uma água de qualidade duvidosa, às vezes mesmo límpida de um poço, que pode ter cisto de protozoários, provocando um mal maior”, advertiu. Para o representante da diretoria de Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), Rui Murici, existiu uma má interpretação dos limites de quantificação, do limite de detecção e, também, ao comparar dados do Brasil e da União Europeia. “Isso também criou uma certa confusão, porque por mais que tenha a questão dos riscos associados aos agrotóxicos, a Embasa tem que cumprir a legislação brasileira. Esses dados são importantes, inclusive, no sentido da gente questionar esses limites permitidos aqui no Brasil, mas a gente não pode obrigar empresas como a Embasa a cumprir dados da União Europeia”, explicou. A aprovação, pela Casa Legislativa, do projeto de lei sobre a política estadual de agroecologia, do deputado Marcelino Galo, e a proibição da pulverização aérea de agrotóxicos foi sugerida por Murici. Segundo ele, a pulverização representa grande risco, por cumprir apenas 40% do seu foco, indo o restante para a água, para o solo e para as comunidades. Ele reforçou também a necessidade de implantação de uma política de redução de agrotóxicos fazendo a transição agroecológica “como está aprovada em comissão especial da Câmara dos Deputados e vai a plenário que compete com o chamado ‘pacote do veneno’, que é um outro risco que está no Congresso Nacional que é do liberou geral”, frisou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário