Desde 2007, após a descoberta de uma jazida de minério de ferro com reserva estimada de 470 milhões de toneladas de minério de ferro, a Bamin (Bahia Mineração) iniciou os trabalhos de implantação de uma mina de extração do minério na região de Guanambi. O novo empreendimento era, naquela época, esperança de desenvolvimento econômico para a região. Em 2010, a empresa começou os trabalhos na região da jazida, localizada entre os municípios de Caetité e Pindaí. Desde a chegada da Bamin na região, pelo menos 600 famílias passaram a se preocupar os impactos da mineração na região. De acordo com informações da Agência Sertão, antes de saberem da intenção da Bamin de construir uma barragem de rejeitos no leito do riacho Pedra de Ferro, moradores da região se viram encurralados pela empresa. Segundo lideranças comunitárias, a Bamin se apropriou de áreas de uso comum em Caetité, avançando para os municípios vizinhos de Pindaí e Licínio de Almeida. As comunidades tradicionais destas áreas usavam as terras coletivamente para extrativismo de plantas medicinais e frutos, além do pastoreio do gado. Dentro dessas áreas, que está cercada pela empresa com placas de propriedade privada, estão localizados os rios, riachos, poços e barragens que sempre abasteceram as famílias da região. “Nós usávamos essas áreas do gerais para uso comum, a empresa veio e cercou tudo, cercou até áreas onde famílias lutavam para seu sustento”, disse um líder comunitário da região a reportagem. O pesadelo dos moradores da região da mina Pedra de Ferro se tornou ainda maior quando a empresa anunciou a intenção de construir uma barragem para contenção dos rejeitos da mineração. O projeto apresentado como “mais viável” para a Bamin prevê o alagamento de uma área de mais de 439 hectares, no entanto, a empresa conseguiu autorização do Instituto do Meio Ambiente da Bahia (IMA), em 2010, para supressão vegetal de uma área de 719 hectares. “Em 2010 a Bamin apresentou cinco possíveis projetos para a construção da barragem, quatro deles na vertente da bacia do São Francisco e um do outro lado da serra, na bacia do rio de Contas. Pelo que a gente sabe, a empresa optou pela opção mais econômica e mais danosa para o meio ambiente e para a população do entorno da mina. Eles vão acabar com o modo de vida das famílias que moram aqui há décadas se construírem essa barragem no leito do riacho Pedra de Ferro”, comentou outro morador de uma das localidades que serão atingidas pela Bamin. No relatório de impacto ambiental que a Bamin apresentou em 2009, a empresa afirmou que a construção da barragem afeta moradores dos distritos de Guirapá e Brejinho das Ametistas, além das comunidades de Cana Brava, Açoita Cavalo, Açoita Cavalo II, Fazenda da Mata, Fazenda da Mata de Baixo, Rio da Faca, Rio da Faca de Cima, Fazenda das Flores, João Barroca e Brejo. No entanto, um estudo da Comissão Pastoral da Terra apontou que a barragem também afetaria moradores das comunidades de Araticum, Casa da Roda, Olho D’água dos Pires, Rancho do Meio, Baixa Preta, Barra dos Crioulos, Barriguda, Cachoeira de Baixo, Pedro Antônio, Novo Horizonte, Cachoeira de Cima, Pau Ferro, Piripiri, Poço Cumprido, Rega Pé e Tabuas, todas localizadas entre os municípios de Caetité e Pindaí. A Bamin quer construir a barragem em um dos locais com melhor oferta de água doce da região. O rejeito do minério irá cobrir pelo menos 27 nascentes e poços artesianos usados pelos habitantes das comunidades adjacentes. Além da barragem, o rebaixamento do lençol freático causado pela extração de minério também irá afetar a disponibilidade da água nos poços e nascentes. Em seu projeto inicial, a Bamin disse que iria construir uma nova adutora no rio São Francisco para trazer a água do processamento do minério. No entanto, a empresa já busca alternativas para retirar a água na região da mina. Cerca de 3 mil famílias usam a água dos poços e nascentes da área de influencia da Bamin. Além do encurralamento dos moradores da região, do risco de escassez de água para diversas comunidades e dos profundos impactos ambientais na fauna e na flora, moradores relatam que a empresa haje de forma abusiva com a comunidade e ameaça lideranças comunitárias. Na luta que já dura mais de uma década, ele são apoiados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), pelo Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), Cáritas Brasileira, além de pesquisadores e do Ministério Público do Estado. Diversas mobilizações foram realizadas durante os últimos anos. Caso a barragem venha a ser construída e com o passar dos anos a Bamin seja negligente com sua conservação, como ocorreu em Mariana em 2015 e em Brumadinho nos últimos dias, causando um desastre ambiental, o caminho da lama seria o rio São Francisco. Veja o vídeo institucional da Bamin:
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