quinta-feira, 14 de março de 2024

Mulher de 42 anos faz reversão de cirurgia bariátrica após pesar apenas 36 kg e ter anemia severa. Caso é raro

 

Perder 60 quilos em um ano e meio pode ser uma meta para uma pessoa que realiza uma bariátrica, mas para a auxiliar administrativo de Rio Claro (SP) Ana Paula Santana da Cunha, de 42 anos, representa um risco de vida. Ela emagreceu muito além do esperado, ficou com anemia severa e precisou fazer a reversão da cirurgia. A reversão foi feita em um hospital de São José do Rio Preto, na segunda-feira (11), e Ana Paula passa bem.

A reversão da bariátrica por causa anemia é considerada rara, segundo médico especialista ouvido pelo g1. Por indicações médicas, Ana Paula realizou a bariátrica em agosto de 2022. Com 1,52 metro de altura e pesando 96 quilos, o Índice de Massa Corpórea (IMC) maior que 40 e os problemas de saúde como pressão alta e lesão no joelho, a capacitaram para fazer a cirurgia. Ana Paula fez uma bariátrica do tipo bypass gástrico, na qual há o grampeamento do estômago e um desvio do intestino.

 
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Com Informações do Vitória da Conquista Notícias

Mas ela teve complicações após a cirurgia e passou a não reter os alimentos no estômago, vomitando tudo o que comia. Como resultado, chegou a 36 quilos – menos de 20 quilos do peso ideal – e ficou anêmica. Com a anemia, que é caracterizada pela baixa da hemoglobina (proteína responsável por transportar o oxigênio nas nossas células), ela passou a precisar de cuidados permanentes. Não conseguia se manter de pé sem ajuda, ficou com problemas na fala e não conseguia escrever o próprio nome. Sua alimentação era à base de suplementos alimentares e vitamínicos e sopas.

Complicações intestinais

Os problemas começaram três meses após a realização da cirurgia da bariátrica, quando Ana Paula passou da dieta líquida para a ingestão de alimentos sólidos. “Era como se o meu estômago estivesse cheio, ele fermentava e, enquanto eu não colocava para fora, eu não tinha sossego. Aquilo vinha até em cima e eu colocava para fora, mesmo tomando remédio para enjoo”, conta.

Ana Paula Santana da Cunha, perdeu 60 kg dos 96 kg que tinha após fazer uma cirurgia bariátrica e ficou com anemia severa — Foto: Arquivo pessoal

No final de 2022, ela passou por outras três cirurgias para reverter complicações intestinais e uma para desfazer uma obstrução intestinal, mas o problema não foi resolvido. “Em dez dias eu fiz três cirurgias, mas depois da alta [hospitalar] continuou da mesma maneira, tinha dia que eu conseguia comer algo e tinha dia que eu não conseguia”, contou.

Reversão

Ana Paula passou 2023 buscando uma solução para o seu caso. Entre dezembro de 2022 e novembro de 2023, ela foi internada três vezes, passando, ao todo, 92 dias hospitalizada, até que um médico de São José do Rio Preto indicou a reversão da bariátrica. Segundo o médico cirurgião digestivo e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica Jorge Hage Zbeidi, cirurgias revisionais da bariátrica são comuns, mas geralmente para fazer ajustes na cirurgia em caso de ganho de peso ou para atualizar procedimentos antigos. A maioria das técnicas pode ser convertida em outra, como a conversão do Sleeve em Bypass, por exemplo, ou retirada de uma banda e realização de um Bypass Gástrico. Em outras é necessário grampear novamente o estômago devido a dilatação ou alterar as medidas do desvio intestinal. Já a reversão da bariátrica, principalmente por causa de uma anemia, é algo muito raro. Em 25 anos, o médico atendeu apenas um caso deste tipo. “Eu espero do fundo do meu coração ser bem sucedida nessa cirurgia, e voltar a ter minha vida, voltar a ter a minha casa, voltar a me socializar e espero poder sentar numa mesa e fazer uma refeição de verdade porque faz um ano e meio que não sei o que é fazer uma refeição de verdade”, afirmou.

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