A Câmara Municipal de Vitória da Conquista realizou nesta quinta-feira, 05, uma audiência pública para debater o Maio Amarelo, com base na Lei Municipal nº 2.227/2018. Por iniciativa do vereador Fernando Jacaré (PT), o encontro faz parte das campanhas de prevenção e combate à violência no trânsito.
Com o objetivo de pautar a segurança na rede viária, o debate contou com a presença de várias autoridades relacionadas ao trânsito. A proposta é mobilizar órgãos do governo, empresas privadas, associações e todo corpo social, para levar conhecimento e consciência acerca do assunto.
Com Informações do Vitória da Conquista Notícias
Todos, direta ou indiretamente, fazem parte do trânsito – O preponente da audiência, vereador Fernando Jacaré (PT), abriu o debate destacando a importância da consciencialização no trânsito. “Essa problemática do trânsito é algo presente em nosso dia a dia, portanto, é de suma importância debater com os órgãos da sociedade as formas de prevenção de acidentes, combate à violência e, principalmente, a educação no trânsito”, disse. Ele salientou que todos, direta ou indiretamente, fazem parte do trânsito e não é limitado apenas aos motociclistas e motoristas. Além disso, afirmou que a mudança começa a partir de campanhas e ações simples, mas que fazem a diferença. “Hoje percebemos, através de números e informações, a real situação do trânsito de Vitória da Conquista, e que podemos fazer a diferença quando passamos a compreender a nossa responsabilidade para um trânsito consciente”, finalizou.
Juntos, todos podem salvar vidas – A secretária de Mobilidade Urbana, Tônia Rocha, iniciou o discurso esclarecendo os motivos da criação do Maio Amarelo. Segundo ela, em 2009, foi verificado que 1 milhão e 200 mil pessoas morreu em acidentes de trânsito em todo o mundo. Por isso, foi necessário tomar uma providência. Depois da campanha de prevenção e conscientização, houve uma redução em 20% dos acidentes, mas “ainda vemos muitas mortes”. Para a secretária, as pessoas devem estar envolvidas no propósito de salvar vidas, não deixando esse papel apenas para as autoridades. E a campanha Maio Amarelo deste ano, com a temática “Juntos salvamos vidas”, busca que cada indivíduo, mesmo não sendo médico, socorrista do Samu 192 ou bombeiro, se sinta responsável para manter a vida de todos. Rocha também chamou a atenção para a conduta e imprudência de pedestres e motoristas no trânsito, o que ocasiona muitos acidentes. “Se você está no trânsito, custa ser gentil com o outro?”, questionou. Para ela, é necessário criar o hábito de respeitar as normas do trânsito, além de usar medidas preventivas para evitar acidentes. Ao concluir, falou aos presentes na Casa: “Juntem-se para salvar vidas”.
Educação e prevenção são as melhores estratégias – Representando a Delegacia da Polícia Rodoviária Federal, o policial Pablo Dias destacou as ações de fiscalização e de educação que a instituição vêm desenvolvendo nos últimos anos no Sudoeste da Bahia. “Entendemos que não é só por meio das punições que vem o resultado. Isso passa por engajamento com a sociedade, tendo a educação como principal instrumento pedagógico”, afirmou. Ele também ressaltou a importância da contribuição dos segmentos da sociedade nesse desafio de promover um trânsito que priorize a vida. “Não podemos fazer de forma isolada. O resultado só vai ser alcançado quando for pensado de forma conjunta”, declarou. Pablo disse que lida com acidentes diariamente e destacou que o último acidente que ele registrou só não terminou em morte porque os envolvidos estavam com cinto de segurança.
É preciso pensar no trânsito com justiça e segurança – Cauê Matos, representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), iniciou o discurso agradecendo a oportunidade de fala e parabenizando os presentes na audiência. Segundo ele, falar em trânsito é falar em segurança. Nesta perspectiva é fundamental pensar em dois vieses: dar ao cidadão a sensação de segurança por meio da correta utilização de itens como o cinto de segurança, e o Estado pensar em ações para proporcionar confiabilidade para o cidadão transitar. “E neste aspecto, a audiência é essencial, pois quando os órgãos atuam em harmonia, a gente oferta oportunidades para que haja eficiência e ações concretas de educação no trânsito, buscando justiça e segurança”, finalizou.
Dedicação em servir – O coordenador médico do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu 192), Murilo Lemos ,falou da importância dessa entidade que tanto faz pela população conquistense. Para ele, que está no setor há dez anos, é um serviço prazeroso de ser feito, principalmente porque a equipe do Samu 192 sempre está à disposição para reduzir os agravos. Ao finalizar o discurso, o médico alertou para a necessidade de prevenção a fim de se evitar acidentes, porque a cada 15 minutos, uma pessoa morre no trânsito.
Desafios para reduzir as estatísticas do trânsito – A gerente da unidade do Sest/Senat em Vitória da Conquista, Petruska Ferraz, ressaltou a função, missão, visão e valores da instituição, que atua qualificando motoristas e profissionais envolvidos no segmento de transporte. Nesse contexto, ela destacou que o Sest/Senat, pelo segundo ano, é o principal apoiador do Maio Amarelo. Ao falar sobre os desafios do trânsito, apresentou estatísticas que revelam aumento no número de mortes por acidentes em 17 estados brasileiros ao longo de 2020. “Mais de 32 mil pessoas morreram no trânsito ao longo daquele ano. Nós estamos apresentando dados do ano em que começou a pandemia. Entendemos com esses números que não se trata de quantidade de pessoas no trânsito, é uma questão de prioridade, da forma como encaramos o trânsito”, declarou a gerente, afirmando que os ciclistas continuam sendo as principais vítimas. “O Sest/Senat fala de segurança e qualifica o ano todo. A gente quer estar presente não só no mês de maio”, concluiu.
Quando não se utiliza os itens de segurança, a mortalidade é 80% maior – Dr. Sandro Bahia, diretor técnico do SAMU 192, iniciou a fala agradecendo a oportunidade de participar do debate e destacou o trabalho do SAMU 192 como um serviço de urgência a pacientes que sofrem algum tipo de trauma fora dos hospitais. “Realizamos de 90 a 130 atendimentos de traumas por ano e a maioria é dentro da Zona Urbana. A gente percebe que os traumas mais graves envolvendo motos, por exemplo, são nos locais que não têm fiscalização. Na Zona Rural, muitos pacientes são motociclistas que usam álcool e não utilizam capacete, batem a cabeça e têm um trauma de crânio grave”, disse. De acordo com o coordenador, quando não se utiliza os itens de segurança, a mortalidade é 80% maior. Ele salienta que nas rodovias, a maioria dos atendimentos dos acidentes ocorre por excesso de velocidade, e essa violência no trânsito traz um custo social altíssimo. “No final, os hospitais estão equipados, a polícia também, mas faltam, de fato, políticas de fiscalização e educação no trânsito”, afirmou.
Consciencialização para a população – O gerente de Educação Para o Trânsito, Wendel Ferraz, falou da importância do Maio Amarelo e levantou a necessidade de serem feitas ações contínuas para a consciencialização e prevenção de mortes e acidentes no trânsito. Ferraz também apontou as atividades feitas pela Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob) para motoristas, ciclistas e pedestres. Nesse Maio Amarelo, a Semob começou a entregar panfletos no terminal de ônibus Herzem Gusmão e na Avenida Olívia Flores. De acordo com ele, também serão realizadas campanhas em igrejas, com assuntos sobre o trânsito, porque é necessário que as pessoas sejam consciencializadas e mudem suas atitudes no trânsito.
Redução de acidentes nas rodovias estaduais – Representando o Comando da Polícia Rodoviária Estadual, em Vitória da Conquista, o Tenente PM Kevin Figueiredo comemorou a redução do número de mortes em acidentes registrados nas rodovias que cortam a região. Segundo ele, foram registrados 17 óbitos no primeiro quadrimestre de 2021. Em 2022, o número caiu para 16 nesse mesmo período. “É uma família a menos que chora a perda de um ente querido”, alegou o tenente. Ele destacou a importância da educação no desafio de redução dessas estatísticas. “A gente trata inicialmente com educação e a punição deve ser a última alternativa”, afirmou. Destacou também a contribuição de campanhas de conscientização realizadas pela Polícia Rodoviária Estadual, como ‘Pista não é pasto’, ‘Pit Stop’, na redução desses números. “A gente precisa reforçar a ideia de que a educação precisa vir em primeiro lugar”, pontuou.
No trânsito, o ser humano vem em primeiro lugar – Josevaldo Santana, coordenador da 4ª Ciretran, salientou que falar em trânsito é falar em vidas. “Pessoas estão partindo prematuramente por falta de conscientização”, disse. De acordo com ele, nos últimos 10 anos houve uma grande redução nas mortes de trânsito e isso se dá também em detrimento das campanhas de educação e conscientização. “Há 10 anos, cerca de 44 mil pessoas morriam no trânsito, e no último levantamento, feito no ano passado, cerca de 11 mil vidas foram perdidas”, destacou. O coordenador salientou que a 4ª Ciretran está imbuída nesta campanha de prevenção aos acidentes de trânsito. “Constantemente os alunos entram, se educam e saem das auto-escolas em Vitória da Conquista e a nossa missão é não somente formar o condutor, mas formar um condutor consciente e que tenha compromisso com a vida e com o ser humano”, explicou.
Tarde educadora e transformadora – Ao iniciar o discurso, o estudante do Colégio Estadual José de Sá Nunes, Sayde Alves, agradeceu ao vereador Fernando Jacaré pelo convite para fazer parte da mesa. Surpreso, ele disse que esperava um quantitativo menor de pessoas no Plenário Carmen Lúcia e ressaltou a importância das campanhas do Maio Amarelo. De acordo com o jovem, houve um aumento significativo na quantidade de acidentes em 2020, quando a campanha não foi feita. Ele também citou a necessidade de respeitar o próximo no trânsito, como a si mesmo, ao usar o cinto de segurança, por exemplo. Para concluir, disse que a audiência foi “educadora e transformadora”, expressou o seu orgulho em participar desse debate e do desejo de estar presente em outras audiências.
O trânsito violento de Vitória da Conquista – O vereador Edjaime Bibia (MDB) classificou como violento o trânsito de Vitória da Conquista. Ele evidenciou as mudanças sofridas no trânsito com a chegada dos serviços de delivery e dos motoristas de aplicativo, lamentando o déficit que o município ainda possui em relação à sinalização vertical e horizontal. “É uma cidade que tem um crescimento expressivo e que necessita de intervenções expressivas”, defendeu. Bibia falou também sobre o fluxo de veículos no Anel Rodoviário, destacando o número de mortes nesse trecho da BR-116. “Esses contextos só fazem alavancar as estatísticas de violência no trânsito em nossa cidade”, pontuou o vereador, que apontou os motociclistas e ciclistas como as principais vítimas dessa violência.
Ações como essa promovem um trânsito seguro – O vereador líder do Governo na Câmara, Nildo Freitas (PSC), iniciou a fala parabenizando o vereador Fernando Jacaré (PT) pela iniciativa da audiência. “Uma contribuição muito grande para que a violência no trânsito diminua. Esse tema é muito propício, pois, juntos, podemos salvar vidas”, destacou. O vereador disse que o ideal seria que cada um entendesse o seu papel no trânsito e, nesta perspectiva, as campanhas de educação não devem se restringir ao mês de maio, mas a todo o ano. “As ações promovem um trânsito seguro. Por isso, a prefeita Sheila Lemos tem implementado ações como a instalação de radares e semáforos em vias movimentadas do município que venham a reduzir o número de acidentes. Quero salientar que esta Casa também tem o compromisso de dar essa contribuição para um trânsito consciente em nosso município”, ressaltou.
Respeito ao ciclista – Para o jornalista Fábio Sena, tratar sobre trânsito é fundamental para a vida da população, mas parece que essa temática ainda não atingiu a devida atenção. Ele ainda pautou a importância das bicicletas para a saúde física e mental das pessoas. Porém, Sena disse que a bicicleta parece um veículo invisível no transito, tanto para os motoristas como para os pedestres. “O motorista não se sensibiliza com uma criança pedalando, ele não dá vez”, criticou. Sena, que pretende aposentar o carro da sua vida, também apontou para a imprudência das pessoas que usam a ciclovia como faixa de pedestre. Ele ainda falou sobre a malha ciclística de Vitória da Conquista, porque uma pessoa pode sair dos Campinhos e pedalar até a Uesb, mas, para ele, é necessário criar punições para quem não respeita o ciclista. // Ascom-CMVC.
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