Propõe-se um desafio: pensar como o educador Anísio Teixeira analisaria os rumos da educação neste século hiperconectado. Um século marcado por estudantes que já nasceram num mundo virtual, e que constantemente manuseiam o celular na escola. De que maneira o digital têm influenciado a realidade escolar? Esse universo midiático, instiga os professores à reflexão sobre o uso desses recursos tecnológicos em prol do ensino e de como aprimorar as metodologias para fazer a diferença na vida dos alunos. Evitar a presença desses recursos não é mais uma opção, faz-se necessário integrá-los às práticas em sala de aula. Assim, os educadores ganham o auxílio de novas ferramentas para tornar suas aulas mais participativas e interessantes e as explicações dos conteúdos de forma mais dinâmica, desse modo aproxima, envolve e oferece autonomia aos estudantes. O aluno, por sua vez, sente-se motivado a estudar nesse processo de ensino aprendizagem mais agradável, aumentando sua autoestima. Os escritos do educador Anísio Teixeira entre 1953 e 1954, revelam as perplexidades do mundo moderno e o papel da educação nesse processo ambiencional de novas configurações sociais. Muito embora, não tenha vivido para ver essas transformações como a chegada da internet, analisou os processos da industrialização e, consequentemente, resultantes tecnológicos. Anísio preocupou-se em ver a educação técnica-prática, ou seja, o saber teórico como se faz na ação, para romper o crivo da educação ibérica que importamos dos Estados Unidos, em linhagem mais pragmática. Anísio Teixeira rompeu os limites de seu tempo e pensou além, na defesa educacional conectada, concomitantemente, à cultura e à transmissão dessas habilidades às futuras gerações. Portanto, é substancial fazer memória do legado e inquietudes desse escritor de modo que, possa atentar aos anseios e provocações postos aos gestores e professores atuais, quanto ao processo de ensino aprendizagem, “o nosso conhecimento do processo de aprendizagem e conhecimento da marcha do processo social de modernização, que está em curso em todo mundo, leva-nos a compreender que a escola tem de acompanhar o nível de desenvolvimento da sociedade a que serve, constituindo-se centro de reintegração cultural – o centro de integração das mudanças de qualquer modo em curso, em todos os setores da vida do país”. (TEIXEIRA, 1969, p. 67).
O professor baiano Anisío Spíndola Teixeira, entusiasta da tecnologia na década de 1960 estava vigilante aos estudos do teórico comunicacional McLuhan, criador da concepção de aldeia global. Teixeira, vislumbra a universalização do saber e prováveis transformações culturais em consonância a McLuhan, “tais recursos vem revolucionando os processos de aprendizagem, dando-lhes as novas dimensões que nos trazem os novos meios de comunicação, que são também meios de aprendizagem. Isso pode significar que o microfilme venha a substituir de certo modo o próprio livro e fazer-se o instrumento fundamental da nova cultura humana e oral, global, instantânea e universal. Estamos, pois, diante de uma tecnologia de potencialidades imprevistas”. (TEIXEIRA,1971, p. 38). Segundo dados de 2019 do Ministério da Educação, hoje já temos uma ampla democratização de acesso à internet nesses espaços, alcançando 47.766 das 84.344 escolas urbanas – ou 56% do total- atendidas no país, e oito mil escolas rurais, via satélite, em integração do projeto “Educação Conectada”, o qual objetiva apoiar a universalização de acesso à internet em alta velocidade e fomentar o uso pedagógico de tecnologias digitais na educação básica, além de atender o Plano Nacional de Educação – PNE , que determinou a inserção da tecnologias nas aulas bem como, a formação de professores através de plataformas digitais. O documento da BNCC (Base Nacional Comum Curricular) que atualizou e complementou o PNE desde 2017, orienta em sua quinta competência que, “para comunicar-se, acessar e produzir informações e conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria”, é preciso da cultura digital no contexto escolar. Nesse sentido, a educação pública - dever do estado e direito do cidadão, laica - sem interferência de qualquer religião especifica e obrigatória - para contemplar todos os cidadãos, precisa atualizar suas diretrizes educacionais na prática, de maneira que, estimule o estudante em sua competência de produzir conteúdos com suporte dessas novas tecnologias, constituindo sujeitos capazes de serem ativos no ambiente cibercultural, e não somente consumidores. Desse modo, sob à luz da pedagogia anisiana, é imprescindível que as instituições de ensino façam uma análise do cenário atual, de maneira sistêmica por referenciais teóricos da educação científica tecnológica para concretizar uma base sólida na elaboração das aulas, além de gerir o conhecimento, simultaneamente, à performance dos alunos e, por fim, a preparação dos espaços de aprendizagem. Assim, pode-se afirmar que Anísio Teixeira evidenciaria as novas tecnologias no escopo educacional contemporâneo.
Mauri Oliveira | Jornalista da Rádio Educadora FM de Caetité e do Site Sudoeste Bahia, assessor de imprensa do CDS - Alto Sertão e coordenador da Pastoral da Comunicação Diocesana.
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