Governador havia defendido que o PT deveria ter apoiado Ciro Gomes após o impedimento da candidatura do ex-presidente
A Comissão Executiva Nacional do PT rebateu as declarações do governador da Bahia e integrante da legenda, Rui Costa, em entrevista concedida à revista Veja. Na publicação, Rui considerou que a bandeira "Lula Livre" não deve ser uma condição para alianças do partido na próxima corrida presidencial, assumiu que pode ser candidato ao Palácio do Planalto nas próximas eleições e afirmou que o PT deveria ter apoiado Ciro Gomes após o impedimento da candidatura do ex-presidente Lula. Confira a nota na íntegra: 1- O PT tomou uma decisão absolutamente correta ao lançar candidatura própria nas eleições presidenciais de 2018. O companheiro Lula, nosso primeiro representante, liderava todas as pesquisas de opinião, com forte tendência a vencer no primeiro turno. Com a candidatura de Lula ilegalmente cassada, lançamos o nome de Fernando Haddad que teve grande desempenho político e eleitoral, chegou ao segundo turno e só não venceu a eleição pelo uso criminoso de notícias falsas pela campanha de Bolsonaro, com financiamento ilegal até de fontes estrangeiras, contando com a omissão da mídia e da Justiça Eleitoral; 2- O eventual apoio do PT a Ciro Gomes, se à época já não se justificava porque nunca foi intenção dele constituir uma alternativa no campo da centro-esquerda, hoje menos ainda, dado que ele escancara opiniões grosseiras e desrespeitosas sobre Lula, o PT e nossas lideranças; 3- Dado o caráter autoritário, antinacional e fortemente antipopular do governo Bolsonaro, não cabe outra atitude ao PT que não seja fazer oposição permanente e destemida a seu governo neoliberal de extrema-direita e promover a defesa intransigente das liberdades e da democracia que ele ameaça diuturnamente. Diferentemente do que afirma o companheiro Rui, o PT não tem se restringido a combater o governo. Elaboramos e apresentamos propostas para enfrentar os graves problemas do país e do povo, como o desemprego, o aumento da injustiça social, para o sistema tributário, o pacto federativo, entre outros. 4- O PT não impõe condições para dialogar com todos os setores que se oponham ao governo autoritário, antinacional e antipovo. Ao contrário, temos trabalhado fortemente pela reconstituição da frente de esquerda dentro e fora do parlamento, pela construção da mais ampla frente democrática e participado de todos os fóruns em defesa da liberdade e da democracia. Em todos esses espaços denunciamos o caráter político da prisão de Lula e o que isso representa de afronta ao próprio regime democrático. Temos bem claro que a bandeira “ Lula livre” é central na defesa da democracia, da soberania e dos direitos no Brasil; 5- Nossa visão sobre a Venezuela considera primeiramente que o país vizinho se encontra sob criminoso embargo econômico e tentativa de intervenção militar estadunidense (com apoio do governo Bolsonaro), o que denunciamos em todos os fóruns. O PT repudia as tentativas de golpe, defende a pacificação do país e uma saída negociada democraticamente para a crise da Venezuela, respeitando o direito de autodeterminação do povo venezuelano; 6- Consideramos totalmente extemporâneo o debate sobre candidaturas presidenciais para 2022. No momento, nossa luta é para fortalecer a resistência ao bolsonarismo, defender a soberania nacional e os direitos sociais ameaçados. Esse processo vai produzir as condições políticas e a frente que irá, no campo da centro-esquerda, representar o povo brasileiro nas eleições de 2022. O PT certamente fará parte desse conjunto e, sendo um partido democrático como os demais, poderá sugerir nomes de seus quadros para participarem desse processo. É alentador identificar em nossas fileiras nomes com legitimidade para assumir essa responsabilidade, a começar pelo companheiro Lula, com sua reconhecida capacidade para unificar essas forças e o próprio povo brasileiro. O PT saberá fazer esse debate, democraticamente, no momento adequado.
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