O movimento “Vida sim, barragem não” promoveu, na manhã desta quinta-feira (6) uma caminhada histórica pelas ruas de Guanambi. A caminhada com manifestação visou chamar a atenção das autoridades e da Bahia Mineração (Bamin) sobre a construção de uma barragem de rejeitos que, no final da sua vida útil, alcançaria o volume de 180 milhões de metros cúbicos de rejeito, oriunda da mineração de ferro. A barragem, segundo engenheiros da área seria 12 vezes maior que a de Brumadinho, que matou 245 pessoas, em janeiro deste ano. Segundo a organização, participaram da manifestação que finalizou em frente ao escritório do Inema em Guanambi, cerca de 7 mil pessoas, um número recorde em participação numa manifestação popular. Na concentração, feita na praça da matriz de Santo Antônio, no centro da cidade, foi realizado um momento ecumênico com a fala dos padres Eutrópio e João das paróquias São Geraldo Majella e Santo Antônio, respectivamente; de Breno Santos, da União Espírita de Guanambi e do reverendo Luiz Santos, da Igreja Presbiteriana Unida em Caetité. Nas falas dos representantes religiosos, a palavra vida foi citada inúmeras vezes. Em todos os discursos, sempre trouxeram a questão da barragem como perigoso e que pode trazer morte, como observado pelas tragédias de Mariana e Brumadinho. Logo após foi declamado o “Pai-Nosso” na versão ecumênica, acompanhado por todos os presentes. A TV Sudoeste, de Vitória da Conquista, esteve cobrindo o evento fazendo, inclusive, uma entrada ao vivo no Edição das 10, da Globo News.
A caminhada, que teve como ponto de partida a Praça de Santo Antônio, percorreu as ruas do centro comercial da cidade. Muitas pessoas empunhavam faixas e cartazes, no intuito de sensibilizar os que acompanhavam em frente as lojas, para a causa da não construção da barragem. Em apoio ao movimento, muitos comerciantes fecharam as lojas para acompanhar a manifestação, a exemplo de uma grande vidraçaria da cidade, que facultou aos colaboradores a presença deles na manifestação. No final da caminhada, por volta das 10h, em frente ao escritório do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, o microfone foi passado aos organizadores e aos movimentos sociais que participaram do evento. Todos pediram que uma audiência pública fosse feita pela empresa e que esta promovesse um diálogo com as comunidades. Outro ponto abordado pelos manifestantes foi a questão de se fazer a mineração com rejeito seco e a reciclagem deste.Um dos participantes ativos no movimento contra a construção da barragem, o empresário Evilásio Bomfim, disse que “a população vestiu a camisa de Guanambi”. Segundo ele, o movimento foi maior do que o esperado. Bomfim ainda ressaltou que tudo transcorreu em perfeita ordem, sem nenhum incidente.
Confira aqui a entevista completa com Evilásio Bomfim.
A professora Déborah Marques, do Observatório do Semiárido Nordestino da UniFG, avaliou o a manifestação como “a união do povo para lutar pela vida”. Ela ainda acrescenta a falta de diálogo da Bamin com o povo. “A partir do momento que o povo toma ciência ele quer chamar, justamente, todos os envolvidos nessas atividades de mineração, para poder dialogar. Como o diálogo está dificultoso, porque ele começou de forma inexistente, nós fizemos essa brilhante passeata com todos os movimentos sociais, rede municipal de ensino, escolas particulares, universidades, todas representadas, de forma apartidária, chamando o povo para dialogar, chamando a empresa para dialogar, porque todo o projeto que vai gerar impactos ambientais e sociais ele deve ser dialogado com a sociedade.”
Confira aqui a entrevista completa com a professora Déborah Marques.
Ao final da manifestação, Bamin emitiu nota
Em nota enviada a imprensa, a Bamin reiterou a segurança da barragem que será construída e que segue, rigorosamente, normas nacionais e internacionais. Na mesma nota enviada, a empresa diz que confia nas licenças liberadas à empresa e que também está seguindo as orientações repassadas pelos órgãos fiscalizadores e que também respeita o direito a manifestação. Abaixo, confira a nota na íntegra.
Em atenção a movimentação ocorrida na manhã desta quinta-feira (06), em Guanambi, sobre o projeto Pedra de Ferro, a BAMIN informa que respeita o direito de manifestação da comunidade e reitera que investe constantemente em projetos com altos níveis de segurança, que superam os índices indicados pelas normas nacionais e internacionais. A Companhia afirma também que segue confiante em todo o processo de licenciamento e estudos realizados na escolha do método, local, controles e monitoramentos para a instalação da barragem. A BAMIN continua à disposição para o diálogo com todos os envolvidos no processo. Veja as fotos:
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