O site "The Intercept Brasil" divulgou na noite de ontem (12) (
veja aqui) os diálogos que fundamentam a suspeita de colaboração entre o ministro da Justiça, Sergio Moro, e o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato. Nas mensagens, Deltan detalha a delação da Odebrecht, cobra ativismo de Moro e aconselha que o juiz tenha cuidado com segurança. Os dois discutiram, em conversa de 16 de outubro de 2015, a investigação de desvios na refinaria de Pasadena, nos EUA. A compra da refinaria americana causou prejuízo bilionário à Petrobras. Moro ainda diz ao procurador que planeja abrir o sigilo dos depoimentos de “FB” (possivelmente se referia ao lobista Fernando Baiano, que virou delator) e questiona a Deltan se ele tem alguma discordância. O procurador então solicita a Moro que mantenha o caso de Pasadena sob sigilo, pois a divulgação poderia atrapalhar o cumprimento de futuros mandados que a força-tarefa pretendia pedir à Justiça. Por sua vez, Moro afirma que já deixou o processo à disposição das partes envolvidas e que “os deletados [delatados] já sabem que são delarados [delatados] há tempo” (sic). O então juiz federal e o delator combinam um encontro, que também incluiria representantes da Polícia Federal, para tratar das novas fases da operação. “Você hoje não é mais apenas um juiz, mas um grande líder brasileiro (ainda que isso não tenha sido buscado). Seus sinais conduzirão multidões, inclusive para reformas de que o Brasil precisa, nos sistemas político e de justiça criminal. Sei que vê isso como uma grande responsabilidade e fico contente porque todos conhecemos sua competência, equilíbrio e dedicação”, declara Deltan. Depois o procurador pede que o hoje ministro “assuma mais” a campanha pela aprovação das 10 medidas de combate à corrupção. O projeto de lei, idealizado pelo Ministério Público Federal (MPF), estava parado no Congresso e, nesta semana, em razão do vazamento das conversas, voltou a tramitar no Senado. “A sociedade quer mudanças, quer um novo caminho, e espera líderes sérios e reconhecidos que apontem o caminho. Você é o cara. Não é por nós nem pelo caso (embora afete diretamente os resultados do caso), mas pela sociedade e pelo futuro do país”, afirma o procurador a Moro. Dias antes, no dia 21 de fevereiro, o procurador havia pedido ainda que Moro redobrasse a cautela. Ele dá a entender que haveria uma transação de dinheiro ilícito a uma pessoa que poderia ser o ex-líder do MST José Rainha. “Tem muito fanático que não teria muito a perder e poderia querer se tornar herói”, afirma Deltan. Moro não chega a responder diretamente ao conselho, mas sugere trocar a ordem de fases da Lava Jato “diante dos últimos desdobramentos”. A inversão sugerida por Moro provavelmente se refere a etapa da força-tarefa que culminou com a condução coercitiva de Lula.
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